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Críticas / ESTREIA

Crítica: 'Vai na Fé' se apega ao otimismo de um país em reconstrução, mas profundamente desigual

Estreia de 'Vai na Fé' se destaca com elenco diverso, texto sensível e boas atuações

Crítica: Vai na Fé se apega ao otimismo de um Brasil em reconstrução para mostrar a garra do brasileiro - Reprodução/ Instagram
Crítica: Vai na Fé se apega ao otimismo de um Brasil em reconstrução para mostrar a garra do brasileiro - Reprodução/ Instagram

O primeiro capítulo de Vai Na Fé, que estreou nesta segunda-feira (16) no horário das sete na Globo, dialoga de forma evidente com o Brasil de 2023. Logo na primeira cena, a protagonista Sol (Sheron Menezzes) vende quentinhas para sobreviver ao lado de sua melhor amiga Bruna (Carla Cristina Cardoso).

Nas ruas dos subúrbios cariocas, a trama volta ao passado e mostra o universo dos bailes funk, que se popularizaram a partir dos anos 2000 e se tornaram um fenômeno essencial para compreender a cultura urbana das grandes cidades brasileiras. É lá que foi traçado o destino do núcleo principal, que ainda envolve Ben (Samuel de Assis) e Theo (Emilio Dantas) em um triângulo clássico dos folhetins. 

Em contraponto, a trama apresenta a poderosa advogada Lumiar (Carolina Dieckmann) que chega para uma reunião com a não menos poderosa Aléxia Máximo (Deborah Secco, em uma participação especial revivendo seu personagem de Salve-se Quem Puder). Esses dois universos são apresentados como resultado de um mesmo microcosmo, em que ambos os núcleos dividem as mesmas ruas e calçadas - mas são, obviamente, separados por uma distância que não é física, mas cultural.

O otimismo da abertura repleta de diversidade, o elenco majoritariamente negro como poucas vezes vimos em uma produção da TV Globo, um texto com ares de autoajuda, mas sensível e correto, tornaram o primeiro capítulo uma introdução muito bem construída das tramas principais. Quando Sol comemora a chegada da filha Jenifer (Bella Campos) à universidade, relembra que conflitos virão, sobretudo porque este país ainda patina na superação de suas desigualdades. 

"Lá é diferente do que a gente tá acostumada, esses playboys acham que podem fazer o que quiser com gente que não são como eles", aconselha ela com otimismo. "Você vai mudar a história da nossa família", comemora com o abraço carinhoso de uma mãe que deposita em sua filha uma chance de redenção. 

Vai Na Fé é o Brasil e suas contradições: um país formado por cidadãos em busca de dignidade, mas que também são contraditórios. Que rezam nas igrejas e requebram nos bailes funk. Que trabalham ilegalmente, mas sustentam os seus. Que seguem otimistas mesmo diante de um país no qual as oportunidades são escassas, disputadas por uma massa em busca de uma vida melhor.

A nova novela das 7 está em diálogo com um país em reconstrução.